Curso de Especialização: A Gestão do Cuidado para uma Escola que Protege

O curso de especialização: A Gestão do Cuidado para uma Escola que Protege nasceu como resultado das atividades de estudos, pesquisas e formações realizadas pelo Núcleo Vida e Cuidado (NUVIC), especialmente entre os anos de 2000 e 2007. Ao constatar a necessidade em discutir essa temática na formação inicial e continuada dos sujeitos que atuam nas escolas públicas e na Rede de Atenção às crianças e adolescentes inseridos em contextos de violências no estado de Santa Catarina, o Núcleo foi gestando esse projeto até sua concretização em 2009, com a parceria do Ministério da Educação (MEC) e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI).

O projeto do curso na modalidade de Educação à Distância (EaD) também nasceu a partir do envolvimento do Centro de Ciências da Educação (CED) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em projetos de ensino, pesquisa e extensão que lidam com o uso intensivo de novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), na formação de professores, gestores e trabalhadores do campo da educação. A partir da experiência da UFSC, desde 1995 dedicando-se à oferta de cursos na modalidade à distância, o Laboratório de Novas Tecnologias (LANTEC) surge neste cenário fortalecendo a participação e o compromisso do CED com a formação de profissionais da educação que não podem ou não querem abandonar seus contextos para uma formação superior.

Vinculado ao Programa Escola que Protege (MEC/SECADI), que tem por intencionalidade atuar na formação de profissionais para uma atuação qualificada em situações de violências que afetam crianças e adolescentes, identificadas ou vivenciadas no ambiente escolar, este curso de especialização guiou-se por pressupostos que questionaram também os espaços de formação continuada dedicado aos(às) educadores(as) e profissionais da Rede de Atenção.

O curso A Gestão do Cuidado para uma Escola que Protege, trouxe as violências para o centro das reflexões, indagando suas dimensões e multiformas de manifestação, convidando a uma compreensão de que somos, todos(as), também (co)criadores destas violências. Nos contextos educativos são muitas as relações atravessadas pelas violências, desde as mais aparentes, como uma agressão física ou verbal, aos modos de convivência banhados pela hierarquia, pelas relações de mando, pelo fracasso escolar, pelos preconceitos e máscaras engendrados pelas políticas de inclusão. São violências (in)visívies que se movimentam no cotidiano, alterando a existência daqueles(as) que habitam a escola.

As violências nos contextos educativos se apresentam também por meio do currículo, do planejamento escolar, das avaliações, da maneira pela qual as carteiras são distribuídas nas salas de aula, dos rótulos que definem quem são os estudantes indisciplinados, os apáticos, os bagunceiros e os inteligentes. As violências se exprimem de formas diferenciadas, com desiguais e múltiplas intensidades que deixam marcas nas trajetórias humanas e produzem sentidos nos cenários em que acontecem. Mostram-se em faces nem sempre delineáveis em seus contornos, à medida que se configuram nas mais distintas formas. Por outro lado, se revestem, em alguns momentos, de mitos que se expressam como preconceitos, como explicações carregadas de uma racionalidade confusa e nada coerente com as experiências vividas por crianças e adolescentes.

Identificamos a relevância de revermos conceitos e preconceitos, bem como, de ativarmos as responsabilidades para garantir os direitos de crianças e adolescentes no ambiente escolar. Decifrar e decodificar os pedidos de socorro de quem vive situações de violências antecede a decisão de denunciar. E, nestes casos, denunciar não significa passar o caso adiante, implica apurar os olhares, as formas de documentação e registro das práticas sociais desenhadas no interior da escola. Significa também, obter e apresentar informações relevantes para partilhar os casos com os órgãos competentes. Essa é uma obrigação de todos(as) aqueles(as) que trabalham pela garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

Realizado entre os anos de 2010 e 2011.
Relatório Disponível no item Publicações – Relatórios.